domingo, 9 de setembro de 2012

Ainda naquele dia

Quando a fonoaudióloga Elaine me perguntou porque não fazia o implante, lembro que tinha respondido a ela que eu não poderia fazer, que o meu caso não tinha jeito. Mas Elaine disse (me lembro bem): "Hoje tem!"

Deixa eu explicar: aos dois anos tive caxumba. Quando sarei, minha mãe notou que eu não atendia aos seus chamados. Foi quando perdi a audição, nos dois lados. Foi difícil para minha mãe, ela sofreu muito quando soube do diagnóstico pelo médico de Campinas (na época, ainda morávamos na Ilha Solteira, SP, onde nasci). O médico ainda disse que não tinha cirurgia para correção da minha audição naquela época e que, pelo fato do nervo auditivo ter sido afetado, era bom esperar eu crescer e, quando tivesse 16 anos, me levar ao médico para ver a possibilidade de fazer a cirurgia.

Com cinco anos, meus pais mudaram para Campinas, compraram um aparelho auditivo de caixinha que tenho guardado até hoje! Ele parece uma caixinha mesmo (foto ao lado), pendurava na gola, o mais perto possível da minha boca. Tem dois fios com moldes para colocar um em cada orelha, como dá para ver eu usando na foto abaixo (com meu irmão Fabrício), que estou em uma viagem aos sete anos. Assim eu ouvia e treinava a minha voz. E comecei a fazer fonoaudiologia com um senhor bem velhinho, muito conhecido e respeitado em Campinas. Aprendi a fazer leitura labial de frente e de perfil. Ajudou-me muito a desenvolver a fala e a audição.

Com meu irmão Fabrício, aos sete anos.
Aos oito anos, para minha alegria, meus pais compraram um aparelhinho melhor, que colocava atrás da orelha. Esse era bem mais discreto que a caixinha, pois este atraía muitos olhares curiosos. E fiquei usando só no ouvido direito, pois era o que respondia melhor. O esquerdo até hoje não uso, não consegui me adaptar com nenhum aparelho pois não ouvia nada nele.

Bem, aos dezesseis anos meus pais me levaram a um médico para finalmente saber da possibilidade de cirurgia. Na época, falava-se muito dessa cirurgia que era feita na Alemanha. Mas a resposta do  do médico que nos atendeu foi negativa. Não havia solução para mim.

Chorei, fiquei triste por um tempo, mas logo esqueci. Segui em frente, afinal, conseguia ouvir no telefone e me comunicar com as pessoas com o pouco de audição que tinha. Dei graças a Deus porque ouvia, um pouco, mas ouvia.

Vivi até esse dia que conheci o Implante Coclear achando que iria continuar assim para sempre, que meu caso não tinha solução. Por isso, quando a fonoaudióloga Elaine me disse do Implante, eu ainda insisti com ela que meu caso não tinha solução. E ela foi firme: "Tem sim! Hoje tem!"

Por isso eu digo que Deus é bom demais para mim. Ele colocou essa oportunidade na minha frente assim, sem eu estar procurando ou indo atrás. Obrigada, Senhor!

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